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[[Book (next) ///Livro (em breve)]]
[[Digital files only - unprinted///Arquivos digitais - não impressos]]
[[DEAD SEA series consists of 812 photographs, forming a collection of decomposing objects found over a year on the sands of Leblon beach, in Rio de Janeiro. It is impossible not to recognize the original item through the collected item.
Remains of industrialized products are brought daily by the tide and accumulate on most beaches of our planet. Discarded packaging finds its way into the oceans and comes back to us as a reminder of our very existence and eating habits.
Packaging accompanies mankind since the day they when the need to transport and protect goods was discovered. Currently, most of them have an ephemeral commercial life: no more than 60 days between leaving the industry and arriving in the garbage. More than 60% of all products sold use industrialized packaging, which is the most manufactured item in the world. Of these, 70% are for the food industry.
Citizens are classified by their level of consumption. To consume means to exist and belong as an individual to a particular society or group. As long as social values are expressed through what each person consumes and displays, waste will continue to be discarded in large volumes daily. Garbage is something that people want to get rid of as quickly as possible and preferably far away. Even if this garbage returns on rainy days, contaminating rivers, seas and springs; the desire for the new does not disappear.
If we went into stores and supermarkets only when it was necessary to buy something, and once there we only bought what we needed, the economy would crash. Today it is necessary to strive not to buy something. Either you shop as therapy, reward, pursuit of status, a hobby, an excuse to leave the house, a means of flirting, entertainment, fantasizing, people watching, killing time or just because it is addictive. There are offers 24 hours a day, seven days a week, on the web, on TV, on your watch, in printed catalogs, magazines, billboards, on your cellphone, and above all on social media. Too many products are sold through too many channels.
Studies estimate that there are 250g for every 100 square meters of debris on the surface of the ocean, something like 3 million tons of plastic - today. A kind of nature-proof garbage. Floating waste: cups, bottle caps, fishing nets and monofilament lines, pieces of polystyrene packaging, used containers, traces of transparent paper and countless plastic bags.
Pollution is always a process of human origin. There is no natural pollution. As human as the industrialization, marketing, media, consumption, packaging and the trash by-product of our possessions.
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The central theme of DEAD SEA project explores how the daily practice of photographic art ennobles the referent. The image treated according to commercial pictorial sensibility attracts the eye accustomed to a certain plastic ideal.
The packaging found no longer represent the aesthetics of those products once worthy and desired. There is certainly no nobility in such objects, in the crudeless of their forms, dirt and rust taking over everything, stink, stains and faded colors. However, once again we see the transformation undergone by photographic reproduction: the image manages to convert the wretchedness of the original into an ennobled subject.
The waste rejected and dumped by modern civilization into its seas composes the book, ordered at the publisher’s online supermarket. Through printing, it multiplies once again, returning to the condition of consumable and disposable.///A série MAR MORTO é composta por 812 fotografias, formando um acervo de objetos em decomposição encontrados ao longo de uma ano nas areias da praia do Leblon, no Rio de Janeiro. Impossível não reconhecer através do fragmento coletado.
Restos de produtos industrializados são trazidos diariamente pela maré e acumulam-se ela maioria das praias de nosso planeta. Embalagens descartadas chegam aos oceanos e voltam para nós como um lembrete de nossa própria existência e hábitos alimentares.
A embalagem acompanha a humanidade desde o dia em que se descobriu a necessidade de transportar e proteger as mercadorias. Atualmente, a maioria delas tem uma vida comercial efêmera, não chegando a mais de 60 dias entre a saída da indústria e a chegada ao lixo. Mais de 60% de todos os produtos comercializados utilizam embalagens industrializadas, sendo este o item mais fabricado no mundo. Destes, 70% são para a indústria alimentícia.
Os cidadãos são classificados pelo seu nível de consumo. Consumir significa existir e pertencer como indivíduo a uma determinada sociedade ou grupo. Enquanto os valores sociais forem expressos através do que cada pessoa consome e exibe, os resíduos seguirão descartados em grandes volumes diariamente. Lixo é algo que as pessoas querem se desfazer o mais rápido possível e de preferência longe. Mesmo que esse lixo volte em dias de chuva, contaminando os rios, mares e mananciais; o desejo pelo novo não desaparece.
Se entrássemos em lojas e supermercados apenas quando fosse necessário comprar algo e, uma vez lá comprássemos apenas o que precisamos, a economia quebraria. Hoje é necessário se esforçar para não comprar algo. Compra-se como terapia, recompensa, busca de status, hobby, desculpa para sair de casa, meio de relacionamento, entretenimento, para promover fantasias, para observar as pessoas, para matar o tempo ou apenas porque é viciante. Há ofertas 24 horas por dia, sete dias por semana, na web, na TV, no seu relógio, em catálogos impressos, revistas, outdoors, no celular, e sobretudo nas redes sociais. Muitos produtos estão à venda através de um excesso de canais.
Estudos estimam que haja 250g para cada 100 metros quadrados de detritos na superfície do oceano, algo como 3 milhões de toneladas de plástico - hoje. Uma espécie de lixo à prova da natureza. Resíduos flutuantes: copos, tampinhas de garrafas, emaranhados de redes de pesca e linhas monofilamentares, pedaços de embalagens de poliestireno, recipientes usados, restos de papel transparente e inúmeras sacolas plásticas.
A poluição é sempre um processo de origem humana. Não há poluição natural. Tão humana quanto a industrialização, o marketing, a mídia, o consumo, a embalagem e o lixo subproduto de nossas posses.
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O tema central do projeto MAR MORTO explora como a prática cotidiana da arte fotográfica enobrece o referente. A imagem tratada ao sabor da sensibilidade pictórica comercial atrai o olhar acostumado a um certo ideal plástico.
As embalagens encontradas deixaram de representar a estética de seus produtos outrora digna e desejada. Certamente não há nobreza em tais objetos, na rudeza de suas formas, sujeira e ferrugem tomando conta de tudo, fedor, manchas e cores desbotadas. No entanto, mais uma vez vemos a transformação sofrida pela reprodução fotográfica opera: a imagem consegue converter a miserabilidade do original em assunto enobrecido.
O lixo rejeitado e despejado pela civilização moderna em seus mares compõe o livro, encomendado no supermercado online da editora. Pela impressão multiplica-se mais uma vez voltando à condição de consumível e descartável.]]
(Patricia Borges)